Criar um Site Grátis Fantástico
CRONICAS
CRONICAS

    

     

 

     Politica e Bêbado dá é coisa!

     Em 2000 fui escalada   para realizar uma pesquisa politica no interior da cidade. O trabalho era o seguinte: Eu tinha que me aproximar das residências e pedir licença pra colocar uma foto na parede da frente da casa, ou seja, com a autorização dos donos, o que nos daria condição de levantar um índice de aceitação aos candidatos, que eram Deonízio e Zênia.

      Todos os dias cedinho pegava o jipe com João do bolo e saíamos mata adentro. Ao fazer o Brejo do Saco um senhor, antes que eu começasse o trabalho, foi ao acampamento, residência da estimada Duzinha e pediu que colocássemos a foto em sua casa primeiro. Assim o fiz. No outro dia ao retornar percebemos que a foto não estava. Meio sem entender, pois era a única que estava faltando, passamos batido; afinal era um direito de ele resolver não aceitar mais, “o homem já mudou de ideia” disse João.

       De retorno ao escritório do Distrito Brejos da Barra para prestar contas do serviço ao Dr.responsável, relatei o ocorrido onde o mesmo ordenou:

      - Amanhã procure saber o que aconteceu.

      No dia seguinte estávamos tomando café para irmos visitar a família, quando o dito cujo me aparece, convidamos para se sentar e comer o cuscuz com carne frita que a Duzinha havia preparado com esmero e sem alguém perguntar ele se justificou, disse que o vento havia arrancado a fotografia da parede e pediu que eu voltasse a coloca-la. Com muito prazer é claro, fomos até sua casa e cumprimos seu desejo.

      Pela manhã de volta ao brejo, para nossa surpresa; não havia foto alguma.

João já cismado, disse:

      - Esse cabra está é de brincadeira com a gente não vamos mais atender pedido dele. Concordei é lógico.

      A noite já se aproximava, estávamos voltando para casa quando sua esposa nos aborda, pedindo que parassemos o carro no meio da estrada.

- Boa tarde!

- Boa tarde! Respondemos.

- Ô moça você poderia colocar minha foto de novo? Falou.

   Olhei para João que ficou calado, tipo me dizendo, resolva o problema e respondi:

     - Olha já é tarde, estamos indo embora, mas amanhã passo ai para conversar.

    -Sinsinhora.

      Viemos para casa. Chegamos tarde por isso só pudemos ir ao Distrito pela manhã.

      Relatei o fato ao doutor que era analista da questão, o qual dobrando um papelzinho com seu jeito clássico disse:

     - Quero uma resposta hoje desse fato, eu disse que você só pode colocar a foto após pedir autorização e que de preferencia outras pessoas assistam, se o rapaz não vota com a gente, não insista.

       Contei a ele tudo do inicio ao fim. Então me respondeu virando para o lado se dirigindo ao coordenador da campanha dizendo:

     - Está vendo ai a importância de ser ela a fazer esse trabalho?

       Pronto não precisou me dizer mais nada, percebi ali que havia um sentido mais profundo do que eu imaginava e que a responsabilidade ia muito além de pedir para colocar uma foto na parede.

     Saímos para o brejo já eram umas nove horas e naquele dia iriamos de Banguê a Olhos-d’água, a corrida seria longa. Ao nos aproximarmos do Brejo do Saco pedi João que parasse primeiro na residência do rapaz.

     - Bom dia!

     - Bon dia! Respondeu a senhora cheia de alegria. Eu estava esperando vocês passarem, entrem ai.

Para nossa surpresa um cafezinho nos esperava com farofa, o que adiantou a tarefa do dia. Tomando o café fui conversando com a dona da casa.

       - Pois é dona  a senhora pediu para colocar a foto novamente, mas, eu penso que não devemos, pois, já coloquei duas vezes e a pedido do seu esposo, quando retorno não está na parede. Não é obrigado vocês aceitarem a gente entende todo mundo, tem muita gente que não gosta e nós não vamos ficar com raiva por causa disso. Expliquei.

     - Não é isso não. a senhora sabe o que é, ele bebe a cachaça até as tantas da noite e quando chega é acabando com tudo. No outro dia amanhece com a cara de tacho me pedindo pra pedir a vocês para colocar a foto do seu Deunizio denovo, é Deus no céu e Deonizio na terra, mas a tal da cachaça faz ele ficar doido. Explicou a coitada aperreada.

       - Então a gente entende é melhor não colocar. Respondi.

      Nisso o marido aparece meio envergonhado e começa explicar.

      - Oia minha senhora, vou lhe falar a verdade. É que eu tomo umas e então quando eu venho de lá pra cá pé dentro, pé fora, bato na porta e essa mulher não abre, fica me xingando lá de dentro;, eu fico valente e ai quando olho na parede tá aquela muié mais aquele home; rindo de minhas bestagem de bêbado eu fico com vergonha e arranco o retrato de lá.

      - A seu desgraçado, quer dizer que é por isso que tu tá fazendo essa presepada, passano vergonha ne nóis, os vizinhos vendo e falando, que isto aqui já tá é falado, o povo tá até pensano que não vamo votar no home. Tu tem vergonha de que? Apois agora a senhora me dá ai dois foto desse, cole um aqui na sala de frente a porta. O outro na porta do quarto.

        Assim fiz. Expliquei para ele que era só uma foto e não precisava ter vergonha isso é coisa da vida.

Quando íamos saindo ele disse.

      - Sinhora bota o foto na parede da frente da casa, ali por cima da janela.

       Cumprida a ordem, resolvemos o problema e até após a eleição estava lá a lembrança da história. Ainda bem que não há nada que um bom diálogo não resolva heim!

Translate this Page

Rating: 3.1/5 (790 votos)




ONLINE
2




Partilhe esta Página

00190DISC00209




Total de visitas: 193651